sábado, 2 de maio de 2009

A Estrada Sinuosa da Arte


Ilustração para a fábula negra "Desire", Inglaterra, Ruela,2009



A arte é inútil, supérflua e não serve para nada!?
Porque lutam os viciados em lucros fáceis por uma fatia enquanto injectam tecnofobia?

Desde as pinturas rupestres à ciberarte, a arte de acesso público
metamorfoseou-se na realidade quotidiana do seu tempo, reflectindo pensamentos e culturas, formando um puzzle de imagens que atravessam o tempo e coexistem num "não-tempo".

Em determinados períodos a arte apenas serviu de estandarte das causas político-ideológicas e de ostentação do poder eclesiástico.
O século XX trouxe uma lufada de ar fresco aos artistas, mas também mutações sociais silenciosas e devaneios psicanalisados por pós-teorias freudianas, impulsionados pela cultura mercadológica dos "artfakers".

Para que servem os artistas? Tem mais valor a obra ou o artista? É normal uma obra ter muito mais valor após a sua morte?

Morre o artista fica a obra.

Desde a prosperidade dos anos loucos até à tragédia da grande crise o terrorismo intelectual marcou sempre a sua presença, fazendo das artes plásticas um parente pobre da cultura.

Se por um lado a arte na sua íntima relação com a vida serviu de libertação e renovação de mentalidades, por outro chegou a negar-se a si própria recusando participar em situações culturais negativas.
Portugal, até ao 25 de Abril manteve-se isolado, censurado e controlado; após a instauração da democracia as artes transformaram-se numa nova via de expressão crítico-construtiva.

Os filhos da revolução procuram a sua caligrafia visual, impulsionados por uma nova onda de criatividade aliada ao espírito de experimentação e inovação facilitados pelas inovações tecnológicas.
Tal como os seus antecessores, procuram a sua própria identidade e originalidade, mesmo sendo acusados de forma ácida de terem falta de criatividade e de qualquer coisa de hoje em dia ser chamada de arte.

Esta estrada sinuosa da arte tem duas vias, ou se segue na mesma direcção dos nossos antecessores, recolhendo as migalhas do bolo, ou então na direcção contrária, conduzindo por novos mundos de percepção, contrariando a teorização imposta pelos tecnofóbicos .

A Internet transformou radicalmente o mundo da arte, esta deixou de ser um exclusivo das elites e passou a ser de domínio público atingindo o seu expoente máximo sem qualquer precedente na história, existe uma maior interactividade com a obra e em tempo real.
Procurar a realidade para além da mesma, explorando terrenos um tanto místicos, isto é a ciberarte, o equipamento é um assunto secundário, porque o equipamento mais importante é formado por uma trilogia: olho, coração e mente.

Ruela


"A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e a sua arte é algo de ridículo." (Oscar Wilde)

2 comentários:

Å®t Øf £övë disse...

Por aqui deixo-te mais um abraço.

Ruela disse...

;)


Abraço.